19
Out07
...
Lino Costa
pôs-se o sol
num dia gasto
na lonjura esbanjada
d’um horizonte inacessível
pôs-se o sol
e o dia morre no rio
na fotografia de canoas
afundadas no verde das margens
e pôs-se uma fria escuridão
naquilo que chamo de “eu”
ou em o que tenho por muito
e morri por hoje
na íngreme calçada do silêncio
numa extinção de beleza que não vejo
morreram os ecos da andança
e perdi dois nortes de um rumo
deixei de ter poema
que me salve no destino
e os teus olhos
que me guião pela ladeira fora
morri de fraco
como a maré obtusa de vazios
morri, desculpa morri
com o dia o rio e o sol que já não são