...
com um sentimento
de certeza, cerrado no punho
senti-te uma chama
de tocha iluminante
numa noite em frente ao canavial
cheirávamos a areia quente
depois do casario adormecido
são quinze prá viragem
ainda não te beijei
só te quis ouvir entre o silêncio
inquietante, vibrante
vindo do mar ali de fronte
poderoso e infinito,
levava-te o vento, do peito quase nu,
a veste leve e púrpura
num Outono frio
beijei-te com pecado
à luz da fogueira dançante
entre o roçar da folhagem
e o pranto profundo das ondas
não me digas não
agarra-me outra vez
saboreia-me, na repetição de voltas e voltas
e faça-mos um laço apertado
com os nossos pétridos dedos
beija-me ouve a prece
dos meus olhos que choram uma secura
na noite lenta, fecha os teus
e vamos na vaga bamba
dizer que a vida é nossa