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Mai08
o cego do largo
Lino Costa
ainda não deixei de ouvir
o cego e o acordeão
e os sorrisos da florista
e o sino, a cada quarto, da sé
neste dia de sol
e a cidade está vazia
não há rama de nabo em dia de mercado
nem casas de doçarias pejadas
acho que não há nada aqui
e o cego ainda não sabe
insiste na cantoria
e na caixa vazia
e no fole quase rasgado
aqui deixou de haver quase tudo