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Dez06
retratofonia
Lino Costa
num gesto de árvore despida
com as mãos moldas os teus cabelos
pra meu cativo do teu sensual
mulher que escorres beleza
que moras na praia
e não te retrato com calmaria
porque transcendes a praia e a duna
porque assim nasceste prá vida
ficas tu distinta num soneto que não atinjo
nua na praia pra que me recoste
como teu devoto amado e amante
a cantigar um murmúrio de fado antigo
a lua trará a bênção imaculada
e o mar será a telefonia que espantará os espíritos
sonharemos juntos no pousio da noite
vigia-nos uma estrela, dorme comigo
Lisboa, 28 de Novembro de 2006