foi sem querer
foi sem querer
que no silêncio do poema
se frisaram as palavras de uma lembrança
num dia que caía na noite
e te vi, a provar o pecado de um cigarro
foi sem querer
que me apaixonei, desmedidamente
como quem sabe e não sabe nada da vida,
por essa boca apetecida e rubra
foi, tanto, sem querer
que arrombei sem licença
a porta do teu quarto, do teu coração,
e te beijei atrevido, mais do que tu,
empurrado por um desejo do teu sabor
foi, tanto, muito mais do que sem querer
que te senti entregue
aos meus olhos que pediam por ti
enquanto se ia o sol temendo como eu
meramente, foi sem querer
que te jurei a existência
tão inteira e completa
de um mortal igual
com alma e sentimento
foi sem querer,
mas juro-te,
que foi com muito amor
que hoje sou teu e tenho-te minha
À mulher da minha vida…
Lisboa, 10 de Janeiro de 2006