...
de poeta não tenho nada
sim cantos do mar
uivos do monte
e danças das árvores
e um aconchego de silêncio
preso à alma
que se redime profunda
no baloiçar de uma canoa
de poeta não tenho nada
só esquiços na brancura do papel
da mudez da morte e da vida
não não tenho nada em mim
estou embevecido e cego
dirigido p’la maresia de aromas
tão casto e sem saber
como a maré que sobe e não sente
pois que venha a lua
pois que vá o sol
será na noite o meu auge
e não no dia, que não tenho nada
Caminha, a 25 de Setembro de 2006