a quelha da ribeira
este conceito de certeza
incerteza, medida da maré cheia
de medos e inconsequências,
o amor, que só vejo nela
lavada pelo vento à tarde
numa quelha aberta prá ribeira
à tarde que os grilos cantam
à sombra d’um sossego de oliveira
ela, a bela, a casta nuvem
que bebeu mais arriba na açude.
que a avisto daqui, deste monte
esquecido, desta treva d’amendoeiras
que embarriga a aldeia
e lá vai ela molhando os pés
buscar o rebanho, a pastora,
empenhando o bordão e um sorriso
derramando azul, pintado
ela, a nuvem, pastora
pra que vou, cordeiro
descendo o monte
até a tenra frescura da margem.
Levar-me-às quando chegar?
ao curral que guardas
sangra-me se quiseres…
e lá fica ela
ao fundo do beco
acima de mim, ela