senhora puta de Alcacér
custoso, nasce o sol
contra o rio morto
e a pútrida existência
que persiste numa ponte
imóvel prá outra margem
e a outra que pratica
o mais antigo ofício
já vai prá estrada
e chora por dentro
num derreter lento
nascente de uma quentura morna ainda
e mulheres normais e homens
nem tanto envolvem-se na levedura
como condimentos prescindíveis
à simplicidade nada se move
nesta melodia de cravo rouco
apenas um passo de passos enfeitiçados
com destinos mecânicos
até à poeira refinada entre dois pinheiros
e o sol só vai a meia haste
já me fere o sentido
e chora, a senhora puta
que tens traçadas as masmorras
que não cumprimentam o raiar
depois de um emaranhado de ruelas
antes do fim do mundo.
não se derrame, senhora puta