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versejos livres

versejos livres

27
Abr08

Lino Costa

palavras tenho

na sementeira dos meus poemas

que brotam sem nexo

quase cegos pela bruma

e numa incandescente impiedade

porque sentem que vão viver

só não sabem

que não sou poeta nem letrista

que sou um excêntrico um pensador

libertado num emaranhado de vielas,

não sei de rumos de caminhos

nem de percursos

planto palavras lavro papeis

a quem digo coisas segredadas

pra que nasçam alvos e belos

entre as pedras dos poio

ao abrigo dos complexos do vento

presos a nada contidos na terra

27
Abr08

Lino Costa

de um momento

um obtuso de abuso, preciso

instante, de solidão

que peço à existência

tão intensa que tenho

 

um irreverente e longo

passar prolongado

de fuga ao ser

das coisas todas

sem vida e sem tudo

 

porque me contenho

na verdade quase aguda

de um facto de inevitáveis factos

que como grosas e goivas e escopros

me refundiam a carne rasgada

 

no limite, não posso evitar

a mestria de quem me concebe a vida

com minúcia no pormenor

e desespero no acontecimento.

sou escravo de mim

13
Abr08

adágio à natureza desistente

Lino Costa

constante, acertado

vai e vem viajante

o pêndulo à margem

do rio, depois da árvore

 

antes dos pedregulhos e da areia

e ao lado, a, cadeira

quase vaga, por um violino

teimoso em ficar

 

como este meu sonho

num balbuciar

de sons nenhuns, orquestrais

em salpicos de musica

 

em dedilhos dos ponteiros

e nas danças ramais

p’lo solo do violino sem arco, de nada,

preso ao vazio do pinho trabalhado

 

e ao som do rio que corre seco

dos pinotes dos peixes mortos

e do turbilhão de enganos

à sombra frondosa de um carvalho

 

no Outono, solarengo e aberto

na orla constante e longa

que abunda vida depois de uma

e natureza depois de duas tentativas

13
Abr08

no moinho

Lino Costa

já sabia

que era assim

o moinho com mó

e as pás destratadas

no cimo do monte

abandonado, sujeito a vendavais

do cume esquecido

 

por vezes abençoado

pela graça divina do sofrimento

essa quase utopia perfeita da chacina

do verbo “amar pra sempre”

que o mais mortal dos homens sente

quando fecha a saca cheia

e enche a pedra gasta

 

de sentido, ao girar

que sentido? esse

incessante, que se alastra no silêncio

enquanto a força quiser

na noite quebrada

sem luar nem estrelas

e esse homem que lá vive

09
Abr08

A História dos Dois Lobos

Lino Costa

Para refletirmos!

A nossa vida é tão SIMPLES ASSIM,

Uma noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece todos os dias dentro das pessoas.
 
Ele disse:
- Meu filho, a batalha é entre dois lobos dentro de todos nós.
Um é mau: é a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, a superioridade.
 
O outro é bom: é a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé.
 
O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu avô:
- Qual o lobo que vence?
 
O velho Cherokee simplesmente respondeu:
-
O que você alimenta

Obrigado à Cristina Costa, que gentilmente partilhou este texto e realidade comigo e com as "amazonas".

04
Abr08

hoje

Lino Costa

são tantos

os beijos que fogem

teus,  na poeira da eira

do vento, que me lembro

de um dia ter sido minha

pra ser quem sou

sem saber que seria triste

ou menos gente que a gente

 

vivi de esperança

igual aos mortais

sentindo-me diferente

pela terra dos existentes

enquanto seria um ausente

um mero crente, mas meu.

que agora penso, em quantos beijos

perdi, todos, teus sem saber

 

de vezes, traduções de horas

de minutos perdidos

por uma alvura da displicência

de que fora servo sem limite

e agora, realmente

sinto-me um vazio repleto de nada

sem a criação de distâncias

sabendo que hoje morri um pouco mais

04
Abr08

o sorriso adormecido, e o piano

Lino Costa

as mãos maestrais

pelas teclas como abelhas

nas flores frescas

de primavera, vespertinas

levedas com o vento

quase subtil. Suaves

 

e um anjo que me sorri

ou um louco que vive…

por um piano de cauda negra

que chorava, no átrio

onde se derrama a gente

e se passam os indiferentes

 

em buscas de “quês”

irremediáveis existentes…

e o piano de cauda negra

a nascente das claves das notas fluentes

nas varandas nas portas nas atenções

quase nenhumas, a minha e outras duas

 

ao cair da noite, que ninguém

a sente, tão leve, a vir

em desvelo, em alvura e morna

com o perfume da laranjeira

e o namoro dos pássaros…

por um piano e um sorriso que me sorri

04
Abr08

a vida da minha vida

Lino Costa

são os dias

os contos da vida

ou escárnios, lendas

que nunca sei atribuir

a um palco infinito

junto ao chão e movediço

de um mundo de equívocos

plenos e desleais.

que dão azo a tragédias

com tempestades naufrágios tesouros

perdidos pela morte morta

do fundo do mar, o segredo

de que tenho medo, tanto medo.

não sou nada

sou sentido que não sente

ou existir

bucólico de primavera iniciada

perto da serra verde que suspira. Suspira

e não mente à mente

que o seu corpo é carente,

é filha de gente ausente

e sua é a minha história

a de uma vida

ou de um instante

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