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Mai08
...
Lino Costa
não, não sei onde estou
nem sinto um rumo de para onde vou
parece que para qualquer dos lados
deste carrossel vejo um horizonte.
sempre distantes e um céu
intocável, desabitado
com uma limpeza estranha
que morra, que afunde e que vá
ao deslumbramento de existir novamente
ou à dúvida dessa tão falsa verdade
serei mais sustento aos abutres cobardes
que vivem tão perto da vida e dos passos
mas se morrer morro agora
com a minha caneta e estes meus segredos
(só me falta, o confidente, o cigarro)
(o saboroso, o majestoso e ornamental)
com letras e cheiros sujos e à tinta negra
parto certo, que amei, que amo mais agora
como um nómada, das planícies todas do mar
e das profundidades tridimensionais do céu
vou agora, não sei se quero ir, mas
não sei se fico. Vou agora.