não me tenho tão invisível

nem remetido à ignorância de apenas ser

use-me quem me ama e quer

não os imberbes os

pensamentos, cansados

de pensar numa intensidade de nadas

como bichos selvagens

sem se domarem que nada permitem

e não ser consentimentos

qual querubim?

em nada me tem a leveza das suas asas

nem sei quanto

mas sei que tanto

quanto a mim, te amo,

mesmo durante a leve firmeza

nos teus olhos adormecidos

ainda não sei quanto

te trarei por inteiro a mim

mas o tempo ou mais que o tempo

me diz numa intuição

que cedo vamos os três

vamos todos ler o cheiro do mar

abraçados pela ousadia do vento e o

sal a que saberão teus beijos

no aconchego de um momento

dos uivos da dor dos rochedos batidos

seremos um poema feito

nunca escrito nem pensado

sem palavras como Saramago

não sei quando, mas perto se faz

o sonho em que acontecerá o poema de nós os três