marmoto
sinto-me um processo de tempo
que transgride a essência
da certeza de ser
um movimento tectónico
sinto-me subtil aquecido pela lava
pra que não morra
sem o sabor das massas
ou o fluir das coisas
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sinto-me um processo de tempo
que transgride a essência
da certeza de ser
um movimento tectónico
sinto-me subtil aquecido pela lava
pra que não morra
sem o sabor das massas
ou o fluir das coisas
canta o cuco
a noite na amoreira
e canta o eco
na vazio do pombal
porque a vida pára
e a noite aclara o sossego
do cabeço enaltecido
durante a rodeira serpentina
e a viúva inebria-se no rosário
e grila o grilo
ao breu da figueira
ao rosto, velhinho, caído
sem que falte à cantoria
o sino da linha vertical, marginal
na procela brava
desmedida, avulsa
na privação de nem te ver
passo a passo
nem voz…
prendo-me à alquimia
para que não exista saudosismo
nem assonia ou ideais de Platão
que fazem de mim cartaz de escárnio
e vassalo da noite
sem finda escuridão
que tanto a ti findou
num dia que não tinha tenção de findar
Fernando Pessoa
"o que nunca te direi"
Filipe Pinto - Insónia
leva-me um marasmo
que me encanta
sem a brandura d’outrora
tudo se emerge escabroso
num desnexo
que não se integra na mais ciência exacta
tudo se converte incerto
e não assume verdades ou mentiras
passam-se as horas
e a asfixia tenebrosa
punça-me as veias gastas
absorve-me o pouco que respiro
com todos os minutos breves
e a magia de viver
extingue-se com algo que desiste de mim
esculpo-te semblante
em todas as pedras
para que excelso
se figure o rosto
e conjugo o espaço sideral
para que sejas omnipresente
no meu mor medo
a noite
quero-te sublime no tempo
no meu tempo, como a eternidade
que não é mutável
que fulge imensa tantas vezes
pôs-se o sol
num dia gasto
na lonjura esbanjada
d’um horizonte inacessível
pôs-se o sol
e o dia morre no rio
na fotografia de canoas
afundadas no verde das margens
e pôs-se uma fria escuridão
naquilo que chamo de “eu”
ou em o que tenho por muito
e morri por hoje
na íngreme calçada do silêncio
numa extinção de beleza que não vejo
morreram os ecos da andança
e perdi dois nortes de um rumo
deixei de ter poema
que me salve no destino
e os teus olhos
que me guiam pela ladeira fora
morri de fraco
como a maré obtusa de vazios
morri, desculpa morri
com o dia o rio e o sol que já não são
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nada me extingue
dos poemas que cito
da matizada dedicatória
ou do pedido quando me falta um perdão de ti
permanece,
nos meus longos rosicler
de auroras que antecedem dias
afogueados de salivas que não existem
nem eu me extingo
do sentimento
ou me demito de ti
sou eu o dia aceso
que nos inflama
uma paixão que incandesce
até que madrugue
o afogueio de um beijo sem existir
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