adormecido antes da paixão
na alma d’esta noite
abandono a cama morna
e a insónia à solta e dista
e rompo com o pensamento
o denso sussurro d’um e d’outro trovão
esmago a calma na tempestade
faltam-me tanto os teus braços
esses que não tenho em mim
nem a amplitude vasta d’um beijo esquivo
filho de uma crença e de um querer
parido neste nosso tempo, espesso e mel
jeito louco como o dos poetas, nosso
momento (des)cancionado
enquanto ferveres essa paixão, igual
à que dizes a mim e às partes de mim
todas… paixão, cheiro levadiço de novembro
meu, cheiro de terra molhada e mão que me quer
abraço que sonho, dentro do que nada sei
e me preenche tão levedo, o desencontro
com a sintonia do sentimento
num momento de ogiva pedrada em cantaria
meu começo de volta perfeita