no corpo frio do vento,
vem a prece e a mensagem
e voa uma alva pomba branca que a recebe,
ao poema convertido, em luz,
ao alto dos pensamentos mais proibidos
enaltece-se o pregão
e o silêncio num gesto quente,
e crescem os corpos para o rumo,
até ao prumo e à forma
de verso contido dentro d’uma paz sem palavra
encontro-me neste vagar
e sou desse claustro alma calada
faço-me ao leme na partida
sou o capitão de mar, de guerra e de mim
vou preenchido à aventura d’existir
entre contos de sereias e Adamastor(es)
que os horizontes me vão ditar
e mesmo entre névoas
vem a alva e branca, trazer
a lembrança e a prece
pra que a volta não seja redonda
e encontre salvo porto, que me receba
Lisboa, 14 de Maio de 2013
Ricardo Castro Alves
In: Versejos Livres