a desbiose destes dois mundos define-se d'opostos de conceitos e obtusos d'uma distinção, inversão...
esta é a alquimia e o tango que nos resume o preceito, desafiantes ou desafiadores agora e outrora como magos ou feiticeiros com um uno pretexto
e então apenas sei que esta amargura, coisa dura é mais forma e força que s'encastra na minha quadratura do saber
e não paro sem que me leve a noite e me retome num rumo a justo pra que não consinta chamas loucas desse desassossego que te toma quero ser o teu querubin ou um pedaço de paz que encontres entre a névoa
Lisboa, 25 de Fevereiro de 2014 Lino Costa In: Versejos Livres
Quando parei, abri a porta do carro e cheirou-me à Camacha, a sopa de trigo nas furnas das casas, cheirou-me a minha Mãe...
Mãe, durante tanto tempo tentei perceber e definir "Mãe".
Sempre me debati com tudo o que da minha recebia, via, e apesar de em tantas, mesmo em muitas vezes, me confrontar comigo, mesmo de alguns porquês que não percebia, acabei hoje, por redefinir Mãe, a minha Mãe, "uma Raínha de Mim", apesar da homenagem tão cifrada, perdoem-me a mensagem, mas só quem sabe de mim a entenderá.
Aplico o meu cunho de poesia livre e desinibida, mas Mãe... este poema, é como te vi até aqui, é para ti.
Ja dediquei algumas, muito infimas, linhas à minha Mãe, são sempre míseras e poucas, aos olhos de quem me carregou e amou sem condição, proveito, ou julgamento... tão míseras que a chamei de Alentejo.
Mãe... Esqueci-me de dizer, deixei de ter a definição de Mãe, nada define um ser maior que não a sua própria e natural monumentalidade, de Mãe.
nesse jeito, quando não eras cara de moeda nem vento de tempestade, imaginei-te ternura agora nos olhos que me absorviam
as mãos... as tuas mãos, têm essas linhas todas de cada dia que foste celeste de todos que nada disseste tendo nada, nada
não fosse o amor, que sonho seria para ti viver? seres desespero, seres filha do silêncio de loucuras pelo tempo vazio a amar, tu, só soubeste amar
sem pedir sem ter, sem saber a erguer o castelo inteiro da princesa frágil do rei mais que rei
dos espachins tementes... que hoje, te são devotos e amantes, sem mais que te valhe senão certeza de um orgulho maior e uno sem mais pra te dar
Sobral de Monte Agraço, a 20 de Fevereiro de 2013 Lino Costa In: Versejos Livres
as horas que se cometem e mim são juras que se perdem que enchem um sul, mas ainda que só ou que a morte me confronte os credos são consolo ou virtudes que reconheço
ante titãs do extorso golias da ambição
se eu souber ser que se foda quem vence que se enforquem as injúrias já fui verdade maior e nunca soube ser sarcasmo porque me enjoa a certeza e me mata mais da alma
por isso que apenas se mantenha a sintonia da condição que fica pois mais que isso não tenha, já, crença guardo o que o tempo dirá como prova de que o fogo me queima pela teima que deixa o rancor esse silêncio de braza que se desfaz lenta, como estes momentos todos
Lisboa, 01 de Fevereiro de 2014 Lino Costa in: versejos livres