ali, no firmamento
fecha a porta
e despe a alma
deita-te sobre mim
como quem ama
o avesso do tempo
numa obsessão reflectida
com um chamego quente
na escarpa dos meus olhos fechados
e desafina-me os sentidos
para que retrate para sempre
a mão tua que me percorre a pele
e escreve o verso maior mais longo
com o extenso teu cheiro que inunda
o acontecimento humedecido como abril
apaga a luz e respira intensa no meu ouvido
diz o fútil, hoje temos todo o tempo de ninguém
que é breve como eu e tu no constelar do firmamento
até que nos tome outra vez o sonho sem medo que seja amanhã
Lisboa, 31 de Março de 2015
Lino Costa
In “versejos livres”