a meia hora do sol nascente
nunca da aurora
fiz sorvo a tamanho fel
que os teus verbos pareciam lanças
quando descrevias o teu silêncio
o teu, o meu, massacre
e calaste-te no casulo da noite
só os uivos te soavam…
calei-me no que havia de mim
atraquei no teu cheiro doce
com o receio da névoa imensa
e quis adormecer-te o desassossego
secar-te a cara, roubar-te ao mundo
sentar-te numa estrela de nome “Longe”
tão longe que te esquecesse desta aurora
que não finda a sua hora
Lisboa, 24 de Maio de 2016
Lino Costa
In: Versejos Livres