pela calada das 11:00
de noite
afagas como mão, o tempo
nem te vi, não te ouvi
vieste na cacimba
à pele adormecida,
percorres a obtusidade da alma
e alagas os cantos das palavras escondidas
tu, que emerges daquele mar
da fronte d’azenha
e vale acima
por manto e poder
dás de beber ao verso, à silva
à rodeira à ladeira…
que não perguntas, que chegas
tu, fingida menina de um sem saber
impiedosa, tudo abranges
intima da clemência
és verbo frio
que chega e vai sem se ver
Lisboa, 28 de Novembro de 2016
In: Versejos Livres
Lino Costa