já sinto em pedaços de mim
que há algo, porque o tempo não espera,
e o dossel que me protegia os sonhos
age na loucura d’uma ventania psicótica
e há este lado novo, por descodificar,
há coisas de mim que deixarei ir
perguntas desprendidas,
utopias que nem sonho foram
há versos que nunca encontrei
nos fundos nos cantos de mim
que não sei, que não vi
há tamanhos que não medi
e verbos que não citarei até à morte
deveria sentir o fluir da simplicidade
mas nada me disse esse caminho
não senti com que palavras
escrever essa luz pra dizer-me ao mundo
e o tempo acontece, mesmo no limbo que estou
Lisboa, 21 de Setembro de 2017
Lino Costa
In: Versejos Livres