02
Dez11
rubro pecado
Lino Costa
durante as lágrimas do céu
a, quase, serva entrega-se
usada, a um leito fervente
enquanto tudo se escorre por ela…
o fumo que a encegueira
o sentir de tremura, de possuída
e de um resto de saliva que escasseia…
até que contorcida
morde um pedaço de boca,
e os olhos cada vez mais se desmaiam
entre um sabor que não acaba
e o cansaço que a leva adormecida
enquanto o rubor do sexo
se expande até à alma intacta
e faz, a ferida de outro pecado
que não se consente à pureza quase extinta…
e morre lenta como a noite
até ressuscitar com a aurora quente
viciada por mais
presa a um receio de vergonha no pedir
dos olhos frescos