sonho tempestade
Lisboa, 04 de Julho de 2013
acordei agora
cede-me a cama
à noite, ao pesar lento de tempo, quente
à estopa esquecida à mão que a teou
ainda me cede, o verso,
a um resto dormente de saudade
diluída em não te esquecer
porque pereceste
sem que te consentisse?
que ainda me cedes, medo,
ao deambular dos pensamentos
do homem, que dista, que é longe
do desvario, dos (des)acordes de violino
com jeitos de nada, como a morte,
que te ceifou intensa,
como neste abafado escuro
que me corre pela pele
antes, de me ser fel
pela boca toda
ainda me cedes, passar,
mais versos,
mais restos, mais murmúrios de terços
mais outros pedaços de mim
de carne castigada
quando me sinto antro, sou vazio
dentro do cilício penitente…
porque te foste?
Lino Costa
In: Versejos Livres