full of empty, box
Lisboa, 06 de Agosto de 2013
irrompe-me alma a dentro
como cinzel,
o caminho feito, o traço de cheiro
d’alvorada de silêncio
e do galo não canta
o vazio que se instala
sinto ser a loucura,
o poema que não acabo
sinto ser, o processo do ir
que se limitou a isso, a ir
sem promessa, nem palavra
a puta da despedida que odeio
fica este desespero
esta lambança de coisas contidas
o respirar desesperado
de não ter levante que te traga
nem brisa que te guarde
ficou apenas o ombro cavado,
o dormir da mulher sozinha
naquele fundo raso de nada
ludibrio das noites e das esperanças, das horas
como sereias que encantam
pra crença de “nothing box”
como se me lembrasse seres bem precioso
há quem viva de tudo
o artificio, o quase nada do que quero
só peço o conceder de segundos
antes do acenar, antes do balbuciar
coisas que nem sei, mas quero saber
Lino Costa
In: Versejos Livres