ilumina-me
Tantas vezes, entre a distância nocturna e a serrana névoa, reconheci-te o vulto imponente... Na verdade acho que sentia mesmo, era o cheiro. Mesmo que à distância de tudo e a meio de tudo o que nos envolvia, em todas as noites te davas ao frio e aos ombros retidos num cansaço que não te vergava, para que fossemos mais, para que fossemos melhor.
Ilumina-me, tenho-te dito ao ouvido da alma nestes últimos dias, ilumina-me, na decisão, na braveza e na tremura entre o medo e a coragem... ilumina-me...
Nas gargalhadas, nas tardes do "cassino", (eu diria uma vez mais ilumina-me,) cartas, cartas, cartas... que te escrevi, que te li, que não te mandei, que rasguei, que joguei.
Cartas soltas, saudade tão somente saudade, vinho derramado, verdade pura... ilumina-me, dentro daquela aura onde te pus, como o Homem do Triunfo, com cheiro de pão quente, como quem ama um Sábado e esse travo a uma ilucidez contente...
dou-te todo este nada, não tenho mesmo nada... ilumina-me!
um beijo
Lino