Olhos Estranhos
Foi tantas vezes entoado pelos mais diversos interpretes, mas foi no fado, que "Olhos Estranhos" de Domingos Gonçalves Costa, teve uma maior expressão, este poema de um amor platônico, e desmedido... retém a grandeza de muita da poesia dos anos medianos do século XX, onde tudo o que rondasse o amor e as lindas historias de amor, próprias da altura.
Ana Sofia Varela, Marco Rodrigues, Pedro Moutinho e muitos outros, intensificam o poema com os acordes fadistas pelas ruas de Alfama e de a Lisboa.
Olhos Estranhos
"Os teus olhos são dos tais
Que só se encontram uma vez
Deus fez os teus não fez mais
Por ver o perigo que fez
Têm a cor do ciúme
Tão estranhamente anilada
Lindos como a madrugada
Etéreos como o perfume
Suaves como queixume
Da onda que se desfez
Levada pelas marés
E à praia não volta mais
Os teus olhos são dos tais
Que só se encontram uma vez
Mas vê-los a vez primeira
É ver a luz meiga e crua
Da lua quando flutua
No azul do céu altaneira
Teus olhos trazem cegueira
De amor e de embriaguez
Será por isso talvez
Que ao sabê-los tão fatais
Deus fez os teus não fez mais
Por ver o perigo que fez"
Domingos Gonçalves Costa