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Abr08
o sorriso adormecido, e o piano
Lino Costa
as mãos maestrais
pelas teclas como abelhas
nas flores frescas
de primavera, vespertinas
levedas com o vento
quase subtil. Suaves
e um anjo que me sorri
ou um louco que vive…
por um piano de cauda negra
que chorava, no átrio
onde se derrama a gente
e se passam os indiferentes
em buscas de “quês”
irremediáveis existentes…
e o piano de cauda negra
a nascente das claves das notas fluentes
nas varandas nas portas nas atenções
quase nenhumas, a minha e outras duas
ao cair da noite, que ninguém
a sente, tão leve, a vir
em desvelo, em alvura e morna
com o perfume da laranjeira
e o namoro dos pássaros…
por um piano e um sorriso que me sorri