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santa
a tua alma grande e santa
que agigantas a minha que por ti apraz
se fores sempre a minha e audaz
ai fogo
teu quente corpo, fogo
que tanto m’abrilhantas
labareda serena
minha alva imagem de pequena
que me arrancas da escuridão, me desancas,
a que me dou por impotente
ao estender do desalento
por desvario, desconcerto do pensamento
minha doce
ai, minha água fresca e doce
que me tens na ramagem da tua candura,
no correr dessas águas de ternura
encruzilhado em macios e veludo,
aqui tenho tudo
caniço do sul
amparo da ribanceira no paúl
não me faltes casta
porque morro e basta…
…porque és a eterna e a verdade
e eu sou um pobre pastor nesta imensa e tua herdade
não vás porque fico ferido
porque a vida não terá partido
minha doce
ai, minha água fresca e doce
que me tens na ramagem da tua candura,
no correr dessas águas de ternura
encruzilhado em macios e veludo,
aqui tenho tudo
Benavente, 10 de Novembro de 2006
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
Jorge Fernando
seria meu esse trono
se não fosse eu um devoto e teu amante
que és o mais nobre conjunto de riqueza,
que me deu um dia o nascer
e daremos com um enxerto o doce fruto de nós dois
porque ontem descobri por segredo,
nasci para degredo e com causa
pra ser a existência de uma vida
com feitos de nexo e explicados complexos
vim para ser poeta e inventor de um caminho
ouvir-me-ás daí?
nesse distante altar que te sentei
onde consiste uma alegria, uma harmonia averbada
seremos o triângulo astral
unidos pela cana que enrola os novelos felizes do sul
tem-me este desejo de triunfante
de dar ao céu onde estás mais brilho
que te resplandeça o sorriso e te inunde de felicidade
e eu. Eu serei a joeira bamba que te rodeia num namoro
preso por um fio às mãos deste sonho
tenho as asas a brotar
pra princípio desta viagem principal
vou com este barco, enquanto o sol se põe
levo o nosso disco
um dia dançaremos os três, deixa-te ficar
Barreiro, 25 de Outubro de 2006
Para lá do horizonte
Em terras de pesca e maresia,
Pairas tu Homem, senhor do teu lar.
Que és por hora detentor da fadiga constante,
Dedicas-te ao ofício,
Ergues-te, ainda o galo canta rouco,
Descansa ó velho do trabalho carrasco.
Larga as redes na prensa da canoa,
Vai por onde leva o mar,
Pelas ondas, triunfante,
Olhando a espuma fresca,
Vê como é belo o contorno dos montes.
Quando pensares na laçada que te atraca ao caís,
Rema firme de encontro ao murmúrio,
Sem medo da correria,
Pois o mar deu-te o encanto de levitar na hora da dor.
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