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versejos livres

versejos livres

04
Dez06

retratofonia

Lino Costa
num gesto de árvore despida
com as mãos moldas os teus cabelos
pra meu cativo do teu sensual
mulher que escorres beleza
 
que moras na praia
e não te retrato com calmaria
porque transcendes a praia e a duna
porque assim nasceste prá vida
 
ficas tu distinta num soneto que não atinjo
nua na praia pra que me recoste
como teu devoto amado e amante
a cantigar um murmúrio de fado antigo
 
a lua trará a bênção imaculada
e o mar será a telefonia que espantará os espíritos
sonharemos juntos no pousio da noite
vigia-nos uma estrela, dorme comigo
 
 
Lisboa, 28 de Novembro de 2006
04
Dez06

será para sempre tu

Lino Costa
passei por ti, aurora
nem te vi tão comum
no meio da multidão,
e num brilho secreto me iluminas-te celestial
 
nasces-te numa imagem
num caminho único
aberto, ao beijo apaixonado
entre as nossa bocas enfeitiçadas
 
andei num refundir
dos corpos embebedados p’la música
com uma dança lenta e sentida
como cada um dos meus para os teus passos
 
beija-me, disse-te com os olhos
cheio de rios do amor
enquanto soava magoada a guitarra
fomos um círculo com crença do instante vivido
 
 
Algodres, 30 de Novembro de 2006
04
Dez06

na lage da cereja

Lino Costa
oliveira ripada
que te levas na cantiga
da sua voz bandida, e mão delgada
ao sabor morno do sol de Inverno
 
oliveira com vontade varrida
lá te vais no improviso vocal
enquanto pousa a vara da maralha
que lasca a o pão, que vive o vinho
 
oliveira quanto te invejo
por quem o fruto te rouba
que em teus galhos toca
e a mim não me quer
 
oliveira, ó velha oliveira brava
que te folga o tronco
e te entesas no galho que tanto pendia
vai-te embora que eu guardo o teu lugar
 
Algodres, 02 de Dezembro de 2006
04
Dez06

açor, apaziguador

Lino Costa
não deixes que te grite
ternura do desejo parido
que deu à luz a mente
no quando de uma loucura insana,
 
que te expulse a raiva
dessa dor que leva a barbaridade
que te vês na excomunhão da vida
não interrompas o alívio de um suspiro
 
não te merece essa dor
porque no rio da vida tudo vai
e na margem fica sempre a lição
pra remexer com o remo durante a viagem de um regresso
 
razão, a mor e vã para ti, és tu
e resto são bandos e filosofias
que neles voas como açor vagante
e neles vês um conjunto ou a parceria
 
 
Montijo, 29 de Novembro de 2006
13
Nov06

fado do consolo

Lino Costa

santa

a tua alma grande e santa

que agigantas a minha que por ti apraz

se fores sempre a minha e audaz

 

ai fogo

teu quente corpo, fogo

que tanto m’abrilhantas

labareda serena

minha alva imagem de pequena

 

 

que me arrancas da escuridão, me desancas,

a que me dou por impotente

ao estender do desalento

por desvario, desconcerto do pensamento

 

minha doce

ai, minha água fresca e doce

que me tens na ramagem da tua candura,

no correr dessas águas de ternura

encruzilhado em macios e veludo,

aqui tenho tudo

 

caniço do sul

amparo da ribanceira no paúl

não me faltes casta

porque morro e basta…

 

…porque és a eterna e a verdade

e eu sou um pobre pastor nesta imensa e tua herdade

não vás porque fico ferido

porque a vida não terá partido

 

minha doce

ai, minha água fresca e doce

que me tens na ramagem da tua candura,

no correr dessas águas de ternura

encruzilhado em macios e veludo,

aqui tenho tudo

 

 

Benavente, 10 de Novembro de 2006

 

07
Nov06

Chuva - Mariza

Lino Costa

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Jorge Fernando

27
Out06

sonho imperial

Lino Costa

seria meu esse trono

se não fosse eu um devoto e teu amante

que és o mais nobre conjunto de riqueza,

que me deu um dia o nascer

e daremos com um enxerto o doce fruto de nós dois

 

porque ontem descobri por segredo,

nasci para degredo e com causa

pra ser a existência de uma vida

com feitos de nexo e explicados complexos

vim para ser poeta e inventor de um caminho

 

ouvir-me-ás daí?

nesse distante altar que te sentei

onde consiste uma alegria, uma harmonia averbada

seremos o triângulo astral

unidos pela cana que enrola os novelos felizes do sul

 

tem-me este desejo de triunfante

de dar ao céu onde estás mais brilho

que te resplandeça o sorriso e te inunde de felicidade

e eu. Eu serei a joeira bamba que te rodeia num namoro

preso por um fio às mãos deste sonho

 

tenho as asas a brotar

pra princípio desta viagem principal

vou com este barco, enquanto o sol se põe

levo o nosso disco

um dia dançaremos os três, deixa-te ficar

 

 

Barreiro, 25 de Outubro de 2006

21
Out06

Homem do Triunfo

Lino Costa

 Para lá do horizonte

Em terras de pesca e maresia,

Pairas tu Homem, senhor do teu lar. 

Que és por hora detentor da fadiga constante,

Dedicas-te ao ofício,

Ergues-te, ainda o galo canta rouco, 

Descansa ó velho do trabalho carrasco. 

Larga as redes na prensa da canoa,

Vai por onde leva o mar,

Pelas ondas, triunfante,

Olhando a espuma fresca,

Vê como é belo o contorno dos montes.

Quando pensares na laçada que te atraca ao caís, 

Rema firme de encontro ao murmúrio, 

Sem medo da correria, 

Pois o mar deu-te o encanto de levitar na hora da dor.

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