02
Set15
teu tempo
Lino Costa
teu tempo
tem tempo
que não se faz carpir
o sol, em melodia
que me escorra p'lo rosto
inteiro
como tinta permanente
solta,
que não perdoa, que é mácula
e que vinga na presença
igual ao poema
nem me brinda a pele
com um beijo morno, poente,
a estrela que tarda,
com maços barbantes
rodos rendilhos
peças perdidas de tempo
soa-me
a entrega à devassa
dos homens sem linha
que matam
que semeiam
pragas
e negro
quero que me turvem
os pensamentos
quero o céu aberto
Lisboa, 2 de Setembro de 2015
Lino Costa
In: Versejos Livres